É fato: as IAs tem ganho espaço cada vez mais relevante no nosso dia a dia. E não é de hoje.
Na última década os sistemas de IA preditiva – pela capacidade de lidar com grandes volumes de dados, logo gerar previsões mais assertivas – ampliaram as capacidades de processos de tomada de decisão. Só que, passo a passo, o uso irrestrito dessas mesmas tecnologias, tem levado a um processo de substituição por “decisões automatizadas” e, ao que parece, estamos “esticando a corda” para os processos criativos através do ChatGPT, por exemplo.
Entre as “IAs da vez”, o ChatGPT, que rapidamente se popularizaram com seus resultados surpreendentes, tem gerado discussões e opiniões divisivas em diversos ambientes. E isso, logicamente, chegaria ao ambiente acadêmico.
Com vários usos de modelos de IA para produção de artigos e outros materiais, a comunidade acadêmica se encontra em uma discussão massiva sobre utilização de modelos de linguagem para escrever artigos científicos. Esse tem sido objeto de debate e controversia na comunidade acadêmica.
Alguns argumentam que a utilização desses modelos pode prejudicar o trabalho humano, pois pode ser vista como uma ameaça à reserva de mercado de escritores e pesquisadores humanos. Eles argumentam que os modelos de linguagem não possuem a capacidade de pensar criticamente, avaliar fontes ou refletir sobre o significado e o contexto dos dados, o que é fundamental para a produção de conhecimento de qualidade. Além disso, há preocupações de que os modelos de linguagem possam perpetuar erros ou preconceitos presentes nas fontes de dados utilizadas durante o treinamento.
Por outro lado, outros argumentam que a utilização de modelos de linguagem pode ser benéfica para a comunidade acadêmica e científica, pois pode acelerar o processo de pesquisa e produção de conhecimento. Eles argumentam que os modelos de linguagem são capazes de analisar grandes quantidades de dados e produzir relatórios e artigos de maneira mais rápida e eficiente do que os seres humanos. Isso pode liberar tempo e recursos para que os pesquisadores humanos possam se concentrar em questões mais importantes, como a análise crítica dos dados e a formulação de hipóteses. Além disso, eles argumentam que os modelos de linguagem podem ajudar a reduzir o tempo de publicação dos artigos científicos, o que pode ser especialmente útil em áreas em que o tempo é crítico, como na pesquisa médica.
“No frigir dos ovos”, a utilização de modelos de linguagem na escrita de artigos científicos é uma questão complexa e controversa, com argumentos tanto a favor quanto contra. É importante continuar a debater e avaliar cuidadosamente os prós e os contras antes de tomar decisões a respeito da utilização de modelos de linguagem na produção de conhecimento.
Só precisamos ficar atento a relação que desenvolvemos com esses modelos de linguagem. Até que ponto estamos ampliando nossa capacidade de produzir e no processo, perdendo a capacidade de levantar e processar dados, gerando informações com criticidade e personalidade?
Deixo essa provocação para você!