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Num mundo que não espera ninguém, a agilidade virou mais do que uma metodologia de trabalho — transformou-se numa poderosa ferramenta de inclusão. Mas como danado podemos implementar sem firulas e de maneira prática? #VemComOTio

por Júlio Diógenes


No cenário corporativo atual, a rapidez é essencial, mas a agilidade é sagrada. Amém? Nascidas nas trincheiras do desenvolvimento de software, as práticas ágeis que adotei e adaptei estão agora dinamizando áreas que vão muito além da TI. Prometo eficiência, adaptabilidade e uma capacidade de lidar com as constantes mudanças do mercado. Mas, sabe onde realmente descobri o poder da agilidade? Na sua capacidade de construir equipes radicalmente inclusivas que elevam e exploram a diversidade de talentos.Estudos não me deixam mentir:Um olhar do Project Management Institute em 2020 revelou que projetos liderados por organizações com uma cultura de inclusão têm 30% mais chances de sucesso do que aqueles em ambientes menos inclusivos. Este dado sublinha a conexão direta entre inclusão e eficácia organizacional, evidenciando que a diversidade não é apenas uma questão de justiça social, mas um componente crítico para o sucesso empresarial.E a McKinsey & Company ? Já em 2019, batia o martelo: empresas com lideranças mais diversas em suas equipes executivas eram 25% mais propensas a experimentar rentabilidade acima da média. Similarmente, para diversidade étnica e cultural, a probabilidade aumenta para 36%.Esses dados não apenas reforçam a ideia de que a diversidade é um impulsionador de performance, mas também que a inclusão pode ser um diferencial competitivo no mercado global. Mas, “aqui você não está falando de neurodiversidade. Mas de diversidade como um todo…” | Disse alguém, esse alguém sabe quem!Inclusão é feita com base na diversidade. E essa não é construída quando criamos apenas regras excepcionais para acolher necessidades especificas de algumas pessoas ou condições de entrada para outras. A inclusão é fruto de mudanças culturais que impactam todos, reconhecendo suas habilidades e potencializando, identificando suas necessidades e adaptando.

blankMas, deixa eu te contar como, na prática, as metodologias ágeis podem não só aceitar, mas exaltar a diversidade nas equipes, criando um ambiente onde todos se sintam essenciais e possam brilhar. Preparado? Vamos mergulhar nas estratégias que coloquei em jogo para transformar agilidade em um trunfo de inclusão:Dailys (Sim! Ainda usamos anglofonismo para falar “reunião diária”) InclusivasNa minha jornada para tornar as práticas ágeis verdadeiramente inclusivas, transformei as dailys, em verdadeiras arenas de engajamento e inclusão. A ideia aqui é clara: todos devem ter voz ativa, não apenas os mais extrovertidos ou aqueles que naturalmente tomam a frente.

  • Rotacionando a Facilitação: Cada membro da equipe, independentemente do nível hierárquico ou função técnica, tem a oportunidade de facilitar a reunião. Isso não apenas distribui a responsabilidade, mas também capacita cada um, desenvolvendo habilidades de liderança e comunicação em um ambiente seguro e acolhedor. Ao ver diferentes colegas no comando, a equipe se adapta a diversos estilos de liderança, o que enriquece a dinâmica de trabalho e aumenta o respeito mútuo.Adaptação do Formato de Comunicação: Reconhecendo que nem todos se comunicam da mesma forma, ajustei o formato dos nossos stand-ups para incluir não apenas comunicação oral, mas também visual e escrita. Utilizamos quadros brancos digitais onde os membros podem postar updates em formato de texto ou gráficos antes da reunião, garantindo que aqueles que preferem processar suas ideias antes de falar ou que não se sentem confortáveis falando em público possam ainda assim contribuir significativamente.Inclusão de Tecnologia Assistiva: Para garantir que todos possam participar efetivamente, incorporamos tecnologias assistivas. Por exemplo, softwares de transcrição ao vivo ajudam colegas com deficiência auditiva a seguir as discussões em tempo real. Um passo importante que ainda não implementei, mas que é extremamente relevante, é que todos os materiais de apoio sejam acessíveis, com opções de alto contraste e leitores de tela para membros com deficiência visual. Aqui estamos falando de mais complexidade e investimento. Concentre-se em fornecer transcrição e resumo e já estará dando um passo muito importante!Feedback Visual e Anônimo: Uma dor pessoal e comum à muitos. Implementei também métodos para que feedbacks e sugestões possam ser dados visualmente durante a reunião, como através de cartões de votação ou aplicativos que permitem comentários anônimos. Isso incentiva uma participação mais franca, especialmente em questões delicadas ou onde os membros possam se sentir vulneráveis ao expressar opiniões divergentes abertamente.

Essas adaptações transformam as reuniões diárias (dailys) de simples check-ins mecânicos em sessões vibrantes onde todos os membros se sentem ouvidos, valorizados e motivados a contribuir. A diversidade de inputs e a riqueza das interações melhoraram não só a qualidade das nossas decisões, mas também o moral da equipe, promovendo um ambiente verdadeiramente inclusivo e colaborativo.Retrospectivas Acessíveis: Elevando a Voz de Todos no Processo de MelhoriaNas minhas iniciativas para criar um ambiente de trabalho mais inclusivo e eficaz, redirecionei o foco das retrospectivas para garantir que todos pudessem não apenas participar, mas também influenciar significativamente o processo de melhoria contínua. A inclusão, afinal, não deve ser apenas um adendo, mas o cerne de todas as nossas práticas ágeis.

  • Diversificação dos Métodos de Feedback: Para tornar o feedback um processo mais inclusivo, diversifiquei as técnicas utilizadas durante nossas sessões de retrospectiva. Além das discussões verbais, introduzi métodos que permitiam feedback visual, como quadros interativos onde os membros podem postar notas adesivas virtuais. Também implementei sistemas de feedback anônimo online, permitindo que todos expressem suas opiniões sem temor de julgamento. Isso é especialmente valioso em uma cultura que preza pela honestidade e melhoria contínua, pois incentiva contribuições genuínas e reflexões profundas que, de outra forma, poderiam permanecer não verbalizadas.Capacitação e Sensibilização: O que é corriqueiro para mim e para você, não é para muita gente. Entender isso é chave. Por isso, #PartindoDoObvio, promovi sessões de sensibilização para educar a equipe sobre as diversas necessidades de seus colegas, cultivando um ambiente de empatia e respeito mútuo. Essas iniciativas ajudam a garantir que todos não só saibam como usar as ferramentas, mas também compreendam a importância de fazer reuniões acessíveis.Análise e Ação Baseadas em Dados: Clichê, mas verdade: o que não pode ser medido, não pode ser melhorado. Ao capturar uma diversidade maior de feedbacks, pude analisar as tendências e os pontos de vista de maneira mais abrangente. Utilizo esses dados para guiar as mudanças dentro da equipe, garantindo que as ações que implementamos sejam verdadeiramente reflexivas das necessidades e desejos de todos os membros. Isso não só fortalece o processo de melhoria contínua, mas também reafirma nosso compromisso com a inclusão e a eficácia.

Pareamento Diversificado: Cultivando um Ambiente de Respeito e Aprendizado MútuoAo implementar o pareamento diversificado dentro das equipes, assumi o compromisso de desafiar normas, quebrar silos e fomentar um profundo respeito mútuo entre os membros da equipe. A ideia era simples, mas transformadora: juntar pessoas de diferentes backgrounds, habilidades e perspectivas em duplas colaborativas.

  • Rotação Estratégica: Cada ciclo de trabalho nos vê reorganizar as duplas, garantindo que todos tenham a oportunidade de trabalhar com diferentes colegas. Essa rotação não é aleatória; é cuidadosamente planejada para maximizar a exposição a novas ideias e formas de pensar. A cada novo pareamento, barreiras invisíveis são derrubadas, permitindo que preconceitos e mal-entendidos se dissolvam à medida que o conhecimento e o respeito mútuos crescem.Promovendo a Empatia Através da Experiência: A estratégia vai além do simples trabalho lado a lado. Encorajo cada dupla a entrar na experiência com uma mente aberta, pronta para aprender não apenas sobre o projeto em mãos, mas também sobre a jornada única de seu parceiro. Isso tem ajudado a desenvolver uma cultura de empatia e apoio, onde o valor de cada pessoa é reconhecido e celebrado.Ferramentas e Suporte: Para garantir o sucesso deste método, providenciei ferramentas colaborativas e sessões de treinamento que focam em habilidades interpessoais, como comunicação efetiva e resolução de conflitos. Isso equipa cada membro da equipe com as competências necessárias para aproveitar ao máximo cada interação.

Até aqui tudo bem? Espero que sim.Tem outros passos e práticas importantes, mas não quero tomar mais o seu tempo (pelo menos por enquanto). Em breve, lanço a continuação desse artigo. Por enquanto, já temos muita coisa para trabalhar, não é? Então, Simbora!

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