Você já ouviu falar sobre aprendizagem experiencial e como ela pode ser um caminho eficiente para desenvolver aprendizagem de pessoas neurodivergentes?
De forma direta, é um conceito profundamente enraizado na educação e no desenvolvimento humano, enfatiza o papel central que as experiências desempenham na trajetória de aprendizagem de um indivíduo.
O Ciclo de Aprendizagem Experiencial de David A. Kolb, desenvolvido nos anos 1980, proporciona um framework holístico que descreve como as experiências são transformadas em conhecimento ao longo do tempo e por diversas etapas.
Este ciclo, composto por quatro fases distintas – Experiência Concreta, Observação Reflexiva, Conceitualização Abstrata e Experimentação Ativa –, sugere que a aprendizagem é um processo contínuo, onde o conhecimento é adquirido através da interação constante entre teoria e prática.
A Experiência Concreta refere-se ao envolvimento direto e participativo em uma atividade, enquanto a Observação Reflexiva envolve a reflexão sobre essa atividade. A fase de Conceitualização Abstrata trata da teorização e abstração da experiência, e a Experimentação Ativa, por sua vez, foca na aplicação destes conceitos teóricos em situações novas e práticas. Kolb também introduz a ideia de estilos de aprendizagem, que são preferências individuais sobre como nos envolvemos com e processamos novas experiências e informações.
E o que isso tem a ver com neurodiversidade?
Ao considerar a inclusão de pessoas com neurodivergência – que podem ter experiências e estilos de aprendizagem distintos devido a diferenças neurológicas –, o Ciclo de Kolb oferece uma lente através da qual podemos avaliar e adaptar estratégias educacionais para torná-las mais acessíveis e inclusivas. Por exemplo, adaptar materiais para estilos de aprendizagem específicos, considerar as sensibilidades sensoriais e proporcionar um ambiente de aprendizagem estruturado e previsível podem ser passos vitais para apoiar aprendizes neurodivergentes. Assim, ao unir a teoria do ciclo de aprendizagem experiencial com práticas inclusivas, podemos construir abordagens pedagógicas que não apenas reconhecem, mas também celebram e apoiam a diversidade neurobiológica no ambiente educacional.
A aplicação do Ciclo de Aprendizagem Experiencial de Kolb em contextos que incluem pessoas com neurodivergência (por exemplo, autismo, TDAH, dislexia, entre outros) exige uma cuidadosa e atenta adaptação das fases do ciclo para acomodar suas necessidades e preferências específicas.
Adaptação das Fases do Ciclo
– Experiência Concreta: As experiências precisam ser acessíveis e confortáveis, considerando possíveis sensibilidades sensoriais.
– Observação Reflexiva: Estratégias visuais e conversas estruturadas podem ser úteis para ajudar os neurodivergentes a refletir sobre as experiências.
– Conceitualização Abstrata: O uso de linguagem clara e suporte visual podem facilitar a compreensão de conceitos abstratos.
– Experimentação Ativa: A experimentação deve ser apoiada e segura, com estrutura e clareza para auxiliar os neurodivergentes nesta fase.
Estilos de Aprendizagem e Neurodivergência:
– Convergente: As estratégias devem ser claras, concisas e visualmente apoiadas.
– Divergente: Um ambiente seguro e apoiado para a exploração de ideias é crucial.
Assimilativo:
Estratégias adicionais podem ser necessárias para ajudar a criar modelos mentais claros.
– Acomodativo: A aprendizagem experiencial, projetada considerando sensibilidades sensoriais e necessidade de clareza, é vital.
Inclusão e Apoio:
– Ambiente de Aprendizagem: Deve ser confortável, acessível e apoiador para neurodivergentes.
– Flexibilidade: Para acomodar diferentes estilos e velocidades de aprendizagem.
– Compreensão: Entendimento e valorização das diferentes maneiras pelas quais os neurodivergentes processam informações.
– Tecnologia Assistiva: Utilização de tecnologias e estratégias, como softwares de leitura e materiais de aprendizagem visual, que possam auxiliar os processos de aprendizagem.
– Colaboração: Trabalho em parceria com os aprendizes e, quando aplicável, suas famílias ou outros apoiadores para entender suas necessidades e preferências individuais.
Consequentemente, o uso do Ciclo de Kolb, aliado a uma implementação meticulosa e sensível às necessidades de aprendizes neurodivergentes, pode proporcionar um ambiente de aprendizagem verdadeiramente inclusivo e apoiador, facilitando uma experiência de aprendizagem positiva e eficaz para todos os envolvidos.
Como podemos, juntos, reinventar os ambientes de aprendizagem e de trabalho para serem verdadeiramente inclusivos, utilizando o Ciclo de Aprendizagem Experiencial de Kolb como uma ferramenta para entender e atender às diversas necessidades e estilos de aprendizagem de pessoas neurodivergentes?
Explorar essa pergunta pode nos levar a desenvolver práticas mais inclusivas e eficazes, criando espaços onde cada indivíduo é valorizado, compreendido e apoiado em seu processo de aprendizagem e desenvolvimento.
Estamos prontos para embarcar nessa jornada de descoberta e inclusão juntos?