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Já reparou que quanto mais tentamos “surfAR as trends”, mais nos afogamos na mesmice?

Tô ficando cada vez mais desconectado das fórmulas de viral — e isso, ironicamente, tem sido o maior favor que já fiz pra minha marca. Não porque ela começou a “bombar”, mas porque ela parou de se perder. O tempo que eu gastava tentando caber nos moldes do que tava em alta, hoje eu uso pra lapidar o que é meu de verdade. Sim, o crescimento ficou mais lento. Mas ficou meu. Ficou inteiro. E principalmente: ficou sustentável.

O custo invisível de seguir tendências

Todo mundo quer ser visto. Mas tem um preço que quase ninguém menciona: o de se distanciar de si mesmo. Quando a busca por relevância se transforma em rotina, a gente começa a terceirizar até o que pensa. O algoritmo vira chefe e a criatividade, estagiária. O conteúdo vira disfarce e a voz própria vira eco do que já foi dito. Isso não é construção de marca. Isso é desgaste com filtro de engajamento.

E sabe o que é mais louco? A curto prazo, funciona. Mas no longo, cobra. Porque uma marca que precisa sempre performar pra existir tá a um post mal-recebido de desaparecer. O Nassim Taleb chamaria isso de frágil: vive à mercê do ambiente, dependente da validação externa. Quando ignoramos nossa própria verdade pra seguir o jogo do algoritmo, estamos, sem perceber, fraudando nossa identidade.

A real é que seguir tendências cansa. É como correr atrás de um ônibus que nunca para no ponto. Quando você acha que alcançou, ele já trocou de rota. E nesse looping de reinvenção forçada, a autenticidade vira baixa colateral. Se expor demais tentando agradar todo mundo é a receita certa pra virar ninguém. E vamos combinar? Se a sua marca precisa de dancinha pra ser notada, talvez o problema não esteja no TikTok… esteja na ausência de propósito.

Mas calma, respira — nem tudo está perdido. Porque tem um caminho mais silencioso, mais lento, mas muito mais poderoso. E ele começa quando você decide desligar o barulho.

Clareza não vem do barulho

Enquanto a maioria corre atrás do próximo áudio do momento, eu tô escolhendo o silêncio necessário pra ouvir a mim mesmo. Clareza não vem do barulho — vem do espaço. Da pausa. Da recusa de ser só mais um. E é nessa escuta que eu entendo o que realmente comunica a essência do que eu faço, do jeito que eu quero fazer.

Steven Johnson fala sobre a “intuição lenta”: aquelas ideias boas que não surgem num estalo, mas se acumulam como camadas de sedimento. Elas precisam de tempo, de acúmulo, de maturação. Johnson diz:

“As boas ideias normalmente surgem da colisão entre palpites menores, lentamente amadurecendo no cérebro, até que um dia elas se unem em algo maior.”

Não é sobre genialidade instantânea — é sobre fertilizar o solo e esperar a colheita.

Esse é o jogo de quem quer construir algo com profundidade. E profundidade não viraliza fácil. Mas marca. Marca porque conecta. Porque não depende de algoritmo pra sobreviver. E porque fala com o que é humano — e não só com o que é tendência.

Talvez o maior ganho da desaceleração seja esse: descobrir que você não precisa competir com o algoritmo — você precisa se reconectar com o que te faz único. E isso, ironicamente, é o que torna sua marca de fato relevante. Não porque ela grita mais alto, mas porque ela fala direto com quem importa.

Se você sente que tá gritando num palco lotado e ninguém escuta, talvez seja hora de descer, andar até a plateia e começar a conversa olho no olho. É ali que mora a construção real. Mas pra isso, precisa coragem. Coragem pra não ser o centro dos holofotes hoje, apostando que a tua luz própria vai durar mais que o buzz do momento.

E é justamente sobre isso que vamos falar agora…

A coragem de ser irrelevante no curto prazo

Ser relevante pra todo mundo é ser lembrado por ninguém. E eu já me cansei de tentar ser inesquecível por dez segundos, quando posso ser indispensável pra quem importa. Mas isso exige uma escolha radical: parar de querer ser amado por todos e começar a se respeitar primeiro.

Tem dia que a vontade de “atender a expectativa” é quase um vício. Você vê alguém viralizando com um template genérico e pensa: “eu podia estar ali”. Podia, claro. Mas e aí? Depois que a espuma baixa, o que sobra? Fama sem identidade é só barulho com prazo de validade. E tem muita gente famosa que já esqueceu quem era antes de começar a performar.

A real é dura, mas libertadora: se sua marca pessoal precisa se disfarçar de trending topic pra ser ouvida, talvez ela não esteja dizendo nada de verdade. E a culpa não é do público — é da sua ausência. Ninguém constrói autoridade se escondendo atrás de fórmulas. Autoridade exige presença. Exige risco. Exige bancar o que se acredita mesmo quando ninguém aplaude.

É como dizem: o palco revela, mas também consome. E se você não sabe quem é, o aplauso vira anestesia. E anestesia demais mata até as melhores ideias.

Por isso, a conclusão é simples — mas nada fácil de digerir…

No frigir dos ovos

Se o preço de pertencer ao hype é se perder de si mesmo, talvez seja hora de parar de correr atrás de validação como se ela pagasse suas contas (spoiler: não paga). Talvez seja hora de bancar o silêncio e confiar no processo — aquele que ninguém vê, que não gera curtida, mas que sustenta tudo lá na frente.

Porque o que é seu, de verdade, não precisa de coreografia, nem de viral. Precisa só continuar sendo, firme, presente e inteiro. E, às vezes, isso significa dizer não ao like fácil e sim ao respeito próprio.

💬 Então me diz: você vai continuar pagando pra caber num molde que nem foi feito pra você… ou vai finalmente crescer no teu tempo, no teu tom, na tua verdade?